O talento português: um íman para o investimento estrangeiro

O talento português é um íman para o investimento estrangeiro. Mas reter profissionais qualificados exige superar alguns desafios.

Dados recentes do Banco de Portugal mostram que o investimento direto estrangeiro mais do que duplicou entre 2008 e 2023. Existem várias razões para explicar essa atração de investimento, como os incentivos à fixação de empresas, a segurança e o clima ameno. No entanto, o fator de distinção é, sem dúvida, a qualidade do talento português.

O elevado nível de qualificação da mão de obra nacional, aliado à facilidade linguística, justifica a ampla procura por profissionais portugueses. Contudo, reter este talento para continuar a atrair investimento estrangeiro exige a superação de alguns desafios, como a tendência de aumento da emigração jovem.

 

O que torna o talento português atrativo?

De facto, não é só o clima que atrai as empresas para Portugal. O talento português é bastante procurado e há vários motivos que explicam a qualidade e as vantagens competitivas de contratar os recursos humanos portugueses.

A formação e qualificação são, decerto, os fatores mais significativos da atratividade do talento português. Aliás, verifica-se um reconhecimento internacional da qualidade da formação oferecida pelas instituições de ensino superior portuguesas. Algumas delas figuram mesmo nos rankings internacionais, com destaque, sobretudo, para a área das tecnologias da informação.

Além disso, o talento português apresenta o forte atrativo da fluência em línguas estrangeiras, nomeadamente, o inglês. Esta vantagem deve-se, certamente, ao facto de Portugal oferecer um currículo escolar que aposta no ensino de línguas estrangeiras desde muito cedo.

mulher a trabalhar na varanda

Quais são os desafios para reter o talento português?

Sendo o talento português reconhecido internacionalmente, e constituindo um fator de atração do investimento estrangeiro, a verdade é que esse trunfo tem também o seu revés. Nesse sentido, a emigração de jovens qualificados tem registado um incremento, com este talento à procura de melhores condições de rendimento noutros países.

Tal como os dados do portal de estatísticas Pordata mostram, a emigração dos jovens entre os 20-29 anos voltou a aumentar gradualmente desde 2020, após uns anos de desaceleração. Esta emigração está associada ao aumento do custo de vida  nacional. Afinal, cada vez mais jovens têm dificuldade em viver nos locais em que se concentra a maioria da oferta laboral: as grandes cidades.

Como melhor aproveitar o talento português?

A fuga do talento português é uma preocupação que faz lembrar os anos da Grande Recessão. Atualmente, cerca de um terço dos jovens nascidos em Portugal vive fora do país. É, portanto, crucial reter este talento se queremos garantir a continuidade do investimento estrangeiro.

Esta perda de capital humano pode combater-se com a aposta na descentralização, isto é, promovendo o desenvolvimento económico do interior do país. De facto, conforme discutido no webinar “Desafios dos Shared Service Centers em 2024”, organizado pela Gi Group Holding Portugal, este dinamismo pode alcançar-se através da articulação com os centros universitários do interior. Estes institutos superiores podem assumir um papel essencial na ligação dos jovens com o mercado de trabalho.

Além da descentralização, devemos frisar a importância de outros dois fatores na atração e retenção de talento:

  • Promover o trabalho remoto, para que o talento português não fique tentado a procurar emprego fora do país ou a trabalhar para empresas estrangeiras a partir de Portugal;
  • Agilizar a flexibilidade entre a vida pessoal e profissional, dando liberdade aos profissionais para desenvolverem a sua carreira, mas conseguirem investir, simultaneamente, na sua vida pessoal.

O talento português é, sem dúvida, uma força motriz da atratividade do investimento estrangeiro para o país. Trata-se, pois, de um fator incontornável na manutenção da competitividade global. Nesse sentido, deve ser uma prioridade para os Departamentos de Recursos Humanos, cada vez mais cruciais na retenção de talento e na integração dos profissionais no mercado de trabalho.

Thomas Marra

Country Manager
Gi Group Holding

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