Como criar uma cultura de sustentabilidade empresarial?

Criar uma cultura de sustentabilidade empresarial é cada vez mais importante para atrair e reter talento. Perceba como o fazer.

A sustentabilidade entrou, definitivamente, no nosso quotidiano e em todas as esferas em que nos movemos. As empresas, pela variedade de recursos que empregam e pelo impacto da sua atividade, têm, inegavelmente, uma responsabilidade social acrescida. Aliás, as próprias organizações reconhecem o quão fundamental é o tema da sustentabilidade empresarial para responder às exigências do mercado e atrair talento.

Contudo, sabemos que a cultura de uma empresa não se muda de um dia para o outro, qualquer transformação profunda revela-se gradual. Então, como podemos criar e implementar uma cultura de sustentabilidade empresarial? Além disso, quais são as áreas fundamentais a trabalhar?

O que é a sustentabilidade empresarial e o desenvolvimento sustentável?

Procurando uma explicação clara, a BCSD Portugal define “sustentabilidade empresarial” como “a capacidade de uma empresa gerir a sua atividade e criar valor a longo prazo ao mesmo tempo que cria benefícios sociais e ambientais para os seus stakeholders”.

Em suma, trata-se da aplicação, na realidade corporativa, do conceito mais abrangente de “desenvolvimento sustentável”. Segundo o amplamente citado Relatório Brundtland, este consiste num “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades.”

Embora se trate de um termo abrangente, a questão ambiental tem-se destacado, comparativamente às vertentes económica e social, devido à emergência das alterações climáticas. Neste âmbito, cada vez mais empresas compreendem a urgência de adaptar e modificar modelos de negócio, para reduzir as emissões resultantes da sua atividade.

Todavia, quando mencionamos “sustentabilidade empresarial”, estamos a abranger um vasto conjunto de áreas, da gestão ambiental à responsabilidade social empresarial. Ou seja, as organizações devem agir sempre de forma ética e transparente, contribuindo para a saúde e o bem-estar da sociedade em múltiplas vertentes.

Sem dúvida, todos reconhecemos o papel crucial das empresas. Como refere o documento Economia, Empresas e Empregos Verdes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), estas “são os principais investidores e os principais fornecedores de soluções para o desenvolvimento sustentável”.

Quais são os pilares da sustentabilidade?

Globalmente, a sustentabilidade abarca três grandes dimensões: a ambiental, a económica e a social. No entanto, quando aplicada às empresas, a sustentabilidade empresarial pode organizar-se nos aspetos que compõem os fatores de ESG (Environmental, Social e Corporate Governance). Assim, abarca três pontos fundamentais:

  • Ambiente;
  • Sociedade;
  • Gestão empresarial.

No caso específico da componente “governance”, como explica a BCSD Portugal, deve-se “assegurar que as empresas adotam princípios robustos de gestão ética e que cumprem com todos os princípios de compliance legal no modo como gerem a sua atividade económica e geram os seus lucros”.

Além disso, as empresas podem trabalhar as várias vertentes da sustentabilidade empresarial de uma forma mais detalhada, incorporando os já muito divulgados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), integrados na Agenda 2030 da Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. No total, enumeraram-se 17 princípios, tocando áreas como energias sustentáveis, produção e consumo sustentável, pobreza, inclusão e educação, mas também inovação e igualdade de género.

Como implementar uma cultura de sustentabilidade empresarial?

Para colocar em marcha uma estratégia de sustentabilidade empresarial eficaz, torna-se necessário desenhar e aplicar medidas no contexto específico de cada organização. Estas podem materializar-se, por exemplo, em métodos de descarbonização, economia circular ou certificação.

Contudo, será que basta implementar uma nova estratégia e definir novos processos? Afinal, entre desenhar medidas e criar uma verdadeira mudança, as lideranças têm de envolver toda a organização e construir uma verdadeira cultura de sustentabilidade empresarial.

De acordo com a Forbes, há alguns passos vitais a seguir:

  1. Criar um business case — antecipar o resultado de um cenário em que a empresa não seguiu a estratégia, prevendo as consequências reputacionais e na atração de talento e clientes;
  2. Medir a maturidade em sustentabilidade — questionar a equipa para compreender até que ponto cada elemento percebe e está comprometido com a sustentabilidade no trabalho;
  3. Comunicar de forma aberta e transparente — a liderança tem de assumir claramente o compromisso da sustentabilidade do planeta;
  4. Abordar as preocupações das pessoas — novas práticas geram incertezas, portanto, será necessário partilhar a visão com a equipa e estar aberto para ouvir os seus anseios e as suas inquietações. Simultaneamente, torna-se fulcral a formação de trabalhadores, garantindo que adquirem as competências necessárias;
  5. Criar embaixadores — recrutar pessoas apaixonadas pelas questões da sustentabilidade e torná-las embaixadoras da causa em toda a organização;
  6. Definir alvos de sustentabilidade — todos têm um papel a desempenhar na agenda da sustentabilidade, logo, todos devem estabelecer objetivos a atingir nesta área.

Independentemente do contexto em que as organizações operem, o caminho da sustentabilidade empresarial revela-se incontornável e deve colocar-se em prática. As medidas, certamente, vão diferir consoante a empresa, mas todas terão um impacto profundo na construção do futuro desejado: mais sustentável.

Rui Rocheta

Regional Head – LATAM, Iberia e França
Gi Group Holding

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