Notícias - Tecnológicas com dificuldade em recrutar

4 em cada 10 tecnológicas têm dificuldade em recrutar profissionais qualificados

Para os empregadores portugueses do setor tecnológico está a ser desafiante encontrar profissionais com competências digitais avançadas. Mas a nível global dificuldade é ainda mais acentuada.

A contratação de profissionais qualificados tem sido um desafio significativo para as empresas tecnológicas. Em Portugal, quase quatro em cada dez dos empregadores que atuam nesse setor confessam estar a ter dificuldades no recrutamento de profissionais com competências digitais avançadas, segundo um estudo da empresa de recursos humanos Gi Group, ao qual o ECO teve acesso em primeira mão.

“A rápida evolução da tecnologia resultou numa elevada procura de pessoas com competências digitais avançadas, o que representa um desafio para as empresas em termos de contratação de profissionais qualificados. Em Portugal, 38,8% das empresas reportam dificuldade em encontrar profissionais com competências digitais avançadas“, salienta a Gi Group Holding, numa análise que foi feita em parceria com o Politecnico di Milano (maior instituição do ensino superior dedicada à tecnologia de Itália) e com a INTWIG Data Management (empresa de data intelligence).

A nível global (além de Portugal, este estudo teve em conta o cenário registado em 12 outros países, como os Estados Unidos, Alemanha, França e China), 47,3% das empresas confessam estar a ser desafiante contratar talento com competências digitais avançadas.

Ou seja, apesar da dificuldade de recrutamento ser “bastante elevada em Portugal”, por cá é menos expressiva do que noutros países. Há mesmo uma diferença de quase nove pontos percentuais entre a fatia de empresas portuguesas em dificuldade e a média global.

Em conversa com o ECO, Liliana Costa, manager de IT & telecom da QiBit Portugal (marca da Gi Group especializada em recrutamento na área tecnológica), explica que em Portugal tem havido uma aposta considerável dos jovens neste setor, daí que hoje há uma maior “pool de talento“.

Além disso, em Portugal, muitos têm sido os profissionais reconvertidos, isto é, profissionais que trabalhavam em áreas “com empregabilidade não tão interessante” e deram o salto para o setor tecnológico.

Um terceiro motivo por detrás da diferença de Portugal face à média global é a imigração, salienta a responsável. “Temos hoje uma fatia significativa de candidatos brasileiros“, sublinha Liliana Costa.

Portugueses valorizam mais que a média as perspetivas de progressão

Tecnológicas com dificuldade em recrutar

O estudo feito aos recursos humanos do setor tecnológico permite perceber também o que valorizam mais os candidatos. Além do salário (49% dão prioridade a esse ponto) e do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (31,2% dos candidatos destacam-no), também tem um peso considerável a perspetiva de progressão na carreira, fator a que os portugueses dão especial valor.

Em concreto, enquanto a nível global 25% dos candidatos consideram prioritárias as perspetivas de progressão de carreira, em Portugal quase um terço dos candidatos valoriza-o.

Na visão de Liliana Costa, estes profissionais são “muito orientados para a aquisição de novas competências, pelo que acabam por esperar que as empresas ofereçam oportunidades de crescimento e progressão“.

Além disso, a Gi Group assinala que, “para atrair e reter eficazmente talentos de topo”, as empresas devem considerar também a adoção de modelos de trabalho flexíveis e híbridos, já que essa preferência foi observada a nível global em 50,3% dos trabalhadores da área tecnológica.

Por outro lado, o stress resultante da carga de trabalho e da ausência de equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada surgem como “fatores-chave que influenciam a satisfação profissional entre os profissionais”. “A resolução destes fatores será crucial para reter colaboradores valiosos por longos períodos”, é recomendado no estudo, que será divulgado esta quarta-feira.

Para atrair e reter eficazmente talentos de topo, as empresas devem considerar também a adoção de modelos de trabalho flexíveis e híbridos, já que essa preferência foi observada a nível global em 50,3% dos trabalhadores da área tecnológica.

Patrões portugueses garantem menos formação

Portugueses valorizam mais que a média as perspetivas de progressão

Mais de sete em cada dez dos trabalhadores tecnológicos procuram ativamente melhorar as suas competências a nível global, mas na maioria dos casos não são os empregadores a organizar e disponibilizar essa formação.

A nível global, 39,1% dos profissionais do setor utilizam formação organizada pela entidade patronal. Em comparação, só 29% dos profissionais tecnológicos portugueses recorrem a formação do empregador.

A referida responsável da QiBit Portugal salienta que a formação na área tecnológica tende a ser cara, o que pode ser desafiante para algumas empresas portuguesas. Destaca, por outro lado, que garantir oportunidades formativas é uma boa ferramenta para a retenção de talento.

O estudo a que o ECO teve acesso nota, por outro lado, que em Portugal 40% dos profissionais relatam desenvolver as suas competências, sobretudo, com a ajuda de colegas (em oposição a apenas 25% a nível global).

De olhos no futuro, Liliana Costa identifica as áreas de data analytics e de cibersegurança como as mais vibrantes, no recrutamento tecnológico. Já do lado dos empregados, observa que “há cada vez mais profissionais baseados cá para projetos espalhados um pouco por todo o mundo“. Ou seja, a manager vê a globalização do talento como uma tendência à qual devemos dar atenção.

Artigo originalmente publicado pelo ECO.

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