Notícias - Entrevista ao Fundador e CEO Stefano Colli-Lanzi

Aquisição da Kelly, e agora?
Entrevista ao Fundador e CEO Stefano Colli-Lanzi

Stefano Colli-Lanzi o Fundador e CEO da Gi Group Holding, compradora da Kelly, adianta, em entrevista exclusiva ao JE, que o processo de integração está a arrancar e no final haverá apenas uma empresa em Portugal sob a alçada da Gi. No nosso país, o grupo passará a contar com mais de 300 colaboradores, adianta.

A Gi Group Holding anunciou, em novembro, a celebração de um acordo para adquirir o negócio europeu da empresa de recursos humanos Kelly. Após a conclusão com sucesso do negócio, em janeiro, a empresa italiana avança para a integração das operações antes detidas pelo gigante mundial de soluções de talentos especializadas.

A transação, na casa dos 130 milhões de euros, foi a mais cara na história da Gi Group Holding e permite-lhe acelerar a estratégia de crescimento na indústria europeia do talento, aumentar a escala e tirar partido da experiência da Kelly. Com este negócio, a empresa expande a sua atividade em 11 países, incluindo Portugal, e introduz os seus serviços em três novos mercados. A Gi Group Holding, fundada em 1998 na cidade italiana de Milão, gerou receitas de 3,6 mil milhões de euros em 2022, elevando a fasquia para os cinco mil milhões na sequência do negócio.

Stefano Colli-Lanzi, fundador, CEO e estratego de um crescimento ímpar (51 aquisições, em 25 anos) dá uma entrevista exclusiva ao Jornal Económico em que explica como vai ficar a operação portuguesa em termos de marcas, negócio e empregos.

Com a aquisição do negócio europeu de recrutamento da Kelly, a Gi Group Holding reforça significativamente a sua presença e recursos na Europa, Portugal incluído. Qual a estratégia do -Grupo após a operação?

Com esta aquisição, o Grupo atinge a liderança no setor do trabalho temporário em Portugal, resultado de uma estratégia sólida do Grupo, que destaca a importância de crescer para alcançar a excelência na resposta às necessidades dos nossos clientes e do mercado. A nossa complementaridade com a Kelly permite-nos combinar as nossas competências e consolidar a nossa presença em toda a Europa, ao mesmo tempo que conquistamos novos mercados, incluindo a Bélgica, a Irlanda e a Noruega, onde não atuávamos previamente. Estamos especialmente entusiasmados com a competência da Kelly no domínio das Life Sciences (Ciências da Vida) e esperamos também tirar o máximo partido da sua especialização em trabalho temporário white collar e RPO (Recruitement Process Outsourcing).

 

Em concreto em Portugal, o que vai acontecer às duas marcas? Continuarão a existir individualmente ou haverá uma integração?

No final do processo de integração, que acaba de ser iniciado, haverá apenas uma empresa sob a alçada da Gi Group Holding e o seu portefólio de marcas, pelo que a marca Kelly deixará de estar presente no país após este período de adaptação.

A estratégia do Grupo consiste em ter marcas diferentes para as diferentes fases da vida das pessoas e para os seus diferentes objetivos profissionais — a Gi Group, Wyser, Grafton, QiBit e a Gi BPO. Por essa razão, vamos continuar a promover esta estratégia com a premissa de que é mais fácil a conexão com uma marca que está intimamente relacionada com cada um de nós e com as nossas necessidades de emprego específicas — em oposição a uma marca “generalista”.

 

Quantas pessoas empregam as duas marcas em Portugal? Esses empregos vão manter-se ou alguns serão eliminados?

O Grupo passará a contar com mais de 300 colaboradores. Acreditamos que o segredo para o sucesso desta aquisição reside no facto de as empresas serem altamente complementares na sua atividade: a Kelly traz algo que a Gi Group Holding não tinha em Portugal até à data, e o contrário também se verifica. Por isso, não acreditamos que haja sobreposições significativas.

As nossas culturas de trabalho estão totalmente alinhadas, pelo que prevejo uma transição tranquila à medida que damos as boas-vindas a centenas de novos colegas que se juntam à nossa família de Life Changers e promovemos a nossa missão de disseminar e implementar o trabalho sustentável em todos os lugares do mundo.

 

Ao nível dos escritórios, o que vai acontecer ? Vão juntar-se num só?

Definitivamente. Nenhum dos nossos escritórios atuais está preparado para uma mudança desta dimensão. Uma das etapas deste processo de integração é precisamente a deslocação conjunta da nova equipa para um novo lugar a que todos possamos chamar nosso.

 

Quem vai liderar a operação em Portugal daqui para a frente?

Thomas Marra será o Country Manager. Tem um percurso impressionante na liderança da Gi Group Holding Portugal e uma história incrível connosco: 20 anos no Grupo, em três países, com múltiplas funções de liderança e dezenas de objetivos sucessivamente alcançados. Um exemplo do seu indiscutível sucesso foi a operação greenfield em Portugal, eleita a melhor startup de sempre na história do Grupo. Thomas Marra contará com o apoio de Rui Barroso, um elemento com muita experiência e conhecimento e que desempenhou um importante papel na Kelly e que será, por essa razão, Vice Country Manager.

 

No negócio dos Recursos Humanos, a escala é fundamental para competir no mundo global?

No setor dos Recurso Humanos (RH), as margens são baixas e a concorrência é intensa, por isso, é fundamental para nós aumentar a escala das operações. Só assim podemos ambicionar ter uma visão mais alargada do mercado de trabalho mundial e encontrar economias de escala ou inovação aplicada ao mercado do talento.

 

É vossa intenção continuar a crescer por via das aquisições ou vão apostar sobretudo no crescimento orgânico?

Especificamente para o caso português, é muito improvável que se repita uma operação como esta. Para Portugal, o momento é de consolidar a nova operação e começar a tirar partido da posição que agora temos. Isto não significa que tenhamos mudado o nosso ADN — crescer através de aquisições faz parte do que somos — efetuámos 51 aquisições em 25 anos de existência. Crescer não é apenas uma questão de oportunidade, é uma questão de mindset.

Com esta aquisição, o Grupo atinge a liderança no setor do trabalho temporário em Portugal, resultado de uma estratégia sólida, que destaca a importância de crescer.

Entrevista originalmente publicada no Jornal Económico de 9 de Fevereiro de 2024. Veja aqui.

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