O valor das soft skills à luz de um apagão
Numa era dominada pela tecnologia, Vera Lúcia Alves, Senior Talent Advisor da Intoo, reflete sobre o papel essencial das competências humanas em momentos de crise, onde a capacidade de resposta das equipas pode ser determinante para as pessoas e organizações.
No contexto atual, a Indústria 4.0 – IA, IoT, IoS, big data e cloud computing, entre outros, já demonstram como podem revolucionar a forma como trabalhamos e comunicamos, assumindo um papel essencial, por exemplo, na gestão de dados, otimização de processos e monitorização de riscos. No entanto, quando a tecnologia se ausenta, são as aptidões, capacidades e o conhecimento das pessoas que permitem enfrentar as adversidades.
Vivemos numa era de incerteza e mudanças abruptas, onde o conceito do mundo BANI reflete o ambiente imprevisível em que nos movemos. O recente apagão que afetou Portugal e vários países na Europa, deixando sistemas e serviços temporariamente indisponíveis, reforçou a crescente dependência da tecnologia e tornou ainda mais evidente a necessidade das competências comportamentais – soft skills, por terem sido estas que permitiram enfrentar não só a adversidade do evento, mas também os desafios posteriores.
Nesta situação, as soft skills foram (e continuam a ser) fundamentais para assegurar a continuidade e o progresso: a inteligência emocional, para compreender as nossas emoções e as dos outros, facilitando o saber lidar com adversidades e a gestão de stress; o pensamento crítico, para uma tomada de decisão fundamentada, antecipar desafios e identificar soluções; a capacidade de adaptação, para um ajuste célere às circunstâncias, tal como a flexibilidade e a resiliência, para reajustes às mudanças cada vez mais frequentes. Por último, mas não menos importante, a comunicação eficaz, para a partilha de ideias de forma clara e objetiva, promovendo assim a colaboração. Estas competências, que são tidas muitas vezes como secundárias, são, na verdade, essenciais para maximizar o impacto das hard skills, sendo fundamental o equilíbrio entre ambas.
O investimento no desenvolvimento contínuo das soft skills é uma estratégia imprescindível da responsabilidade individual e organizacional. No âmbito pessoal, as soft skills fortalecem a autoconfiança, melhoram a gestão de emoções e a capacidade de enfrentar adversidades. No âmbito organizacional, as empresas que incentivam o desenvolvimento destas competências apresentam-se como mais ágeis perante transformações do mercado laboral.
O futuro do trabalho pertence às organizações que percebem que a tecnologia e a humanidade não são forças opostas, mas sim complementares naquela que é a nossa realidade. Apostar no desenvolvimento das soft skills não é apenas uma vantagem competitiva – é um investimento na construção de equipas resilientes e sustentáveis, capazes de prosperar num cenário em constante evolução.
