Falta de mão de obra: como preencher o gap no mercado?

As empresas continuam a ficar com vagas por preencher devido à falta de mão de obra. Como é possível colmatar esta situação?

Falta de mão de obra: como preencher o gap no mercado?

Empresas que ficam com várias vagas de emprego por preencher: conhece ou já ouviu falar de algum caso? Não é de estranhar. Atualmente, os empregadores consideram que a falta de mão de obra é o seu principal problema.

Este é um fenómeno que não se regista apenas em Portugal, mas a nível global. Se houvesse dúvidas, bastaria olhar para os números: 2,6% de todos os empregos da União Europeia e 2,8% dos empregos na área do euro estavam vagos, segundo dados da Eurostat relativos ao último trimestre de 2021. Países como a Chéquia ou a Bélgica atingiram valores próximos dos 5%, representando as taxas mais elevadas em mais de uma década.

A falta de mão de obra e a questão das vagas por preencher não mostram sinais de querer abrandar e ganharam tal relevância que foram o tema escolhido para a World Employment Conference 2022, decorrida no final de maio, em Bruxelas.

Bridging the Gap: Connecting Worker and Employer Expectations foi a designação escolhida, evidenciando desde logo que a falta de preenchimento das vagas não está propriamente relacionada com a falta de mão de obra disponível no mercado. Bastaria olhar para os números da população desempregada em diversos países do globo para perceber que estes ultrapassam grandemente as vagas de emprego por preencher, segundo dados recolhidos pela própria World Employment Conference.

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Preencher o gap entre empresas e trabalhadores

Como harmonizar, então, as necessidades dos trabalhadores e das empresas no mercado de trabalho, que têm mudado de forma radical?

A reabertura da economia após a pandemia criou necessidades e tendências. No entanto, para serem colmatadas, é necessária uma mudança de atitude por parte das empresas e dos responsáveis de Recursos Humanos. Nestes casos, uma das respostas reside na formação ao longo da vida, permitindo que as pessoas adquiram as competências certas na altura certa. Mas importa não descurar também os salários e o aumento da flexibilidade.

De facto, é isso que estão a fazer as empresas que sentem mais o problema da falta de mão de obra e que têm mais vagas de emprego por preencher, evidenciando maior predisposição do que as restantes organizações para tomar medidas:

  • 39% mostram-se disponíveis para aumentar salários (versus 31%); 
  • 48% disponibilizam formação, desenvolvimento de competências ou mentoring (versus 41%); 
  • 45% oferecem horários de trabalho mais flexíveis (versus 39%). 

Soluções para colmatar a falta de mão de obra disponível

Contudo as empresas podem ir mais além, no sentido de criar valor e conseguirem atrair e reter talento. E há várias soluções. Podem, por exemplo, promover a diversificação de modelos de trabalho e de gestão de carreiras que facilitem a transição. Além disso, podem aumentar as oportunidades junto de grupos sub-representados e reduzir o trabalho informal, medidas que mostram envolvimento social e inovação.

Ao mesmo tempo, ao implementar novas formas de trabalho, como o trabalho híbrido e soluções Agile, estarão a contribuir para a simplificação de um mercado de trabalho que se tem tornado mais complexo. Tudo isto, sem esquecer medidas que visam gerir e mitigar uma diversidade de situações de risco, bem como garantir o cumprimento das leis laborais e a proteção dos trabalhadores. A segurança é um fator de atração de talento e uma forma de contornar o problema da falta de mão de obra.

Não havendo uma única resposta, a verdade é que as empresas têm de ser criativas, testar e encontrar caminhos que as valorizem e tornem atrativas aos olhos do talento disponível no mercado.

Rui Rocheta
Regional Head – LATAM, Iberia e Turquia
Gi Group Holding

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