Emprego jovem: inclusão dos jovens no mercado de trabalho

Num mundo em evolução, a juventude trabalhadora torna-se preciosa para a economia nacional. Descubra como apoiar o emprego jovem.

Qualificada, criativa, flexível e dinâmica, a juventude portuguesa apresenta, inegavelmente, contributos valiosos para o mercado de trabalho atual. As empresas competitivas, que pretendem navegar eficientemente e alcançar sucesso num mundo digital e sustentável, compreendem o papel crucial do emprego jovem.

Multiplicam-se, pois, os estudos sobre a população ativa jovem e os apoios à sua integração laboral, procurando retê-la nas organizações nacionais. Como podem, então, as empresas promover a inclusão dos jovens no mercado de trabalho, em Portugal?

Jovens e o mercado de trabalho: caracterização do emprego jovem em Portugal

Os jovens não ficaram indiferentes ao contexto da pandemia de COVID-19. Portanto, para sintetizar o ponto de situação do emprego jovem mundialmente, a International Labour Organization publicou o relatório Global Employment Trends for Youth 2022. Nele, estima-se que, em 2022, 73 milhões de jovens em todo o mundo se encontravam desempregados.

Em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em janeiro de 2023, a taxa de desemprego dos jovens até aos 24 anos atingiu 20,9%, representando 77,9 mil trabalhadores. Embora seja uma taxa elevada, comparativamente com a global de 7%, corresponde a cerca de metade da registada há uma década, refletindo uma evolução positiva.

Aqui, devemos considerar duas forças opostas, como demonstra o relatório Os jovens no mercado de trabalho em Portugal do Observatório do Emprego Jovem (OEJ). Por um lado, o emprego jovem é mais “vulnerável a situações de instabilidade económica”. Contudo, os níveis de educação elevados mantêm-se associados a taxas de desemprego inferiores, como se verificou nos últimos anos.

Este relatório destaca, assim, a necessidade de adotar políticas ativas no combate ao desemprego jovem, focadas, principalmente, em programas de formação e inserção profissional. Afinal, “a qualidade do emprego dos jovens é uma temática que preocupa os decisores políticos e a sociedade”.

Mais e melhores empregos para os jovens

Todavia, só mais emprego não basta. Será que estamos a oferecer os empregos que os jovens procuram? Parece que não. O estudo Mais e Melhores Empregos para os Jovens, também desenvolvido pelo OEJ, pela Fundação José Neves e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em dezembro de 2022, conclui que existe um “desfasamento entre as expectativas dos jovens e as oportunidades”.

Relativamente ao equilíbrio entre a procura do mercado e as expectativas e competências da juventude, o estudo salienta a “sobrequalificação” de 30% dos jovens graduados. Aliás, em 2021, quase metade (48%) tinha completado o ensino superior e 38% dos diplomados entre os 24 e os 34 anos possuía mestrado. Com efeito, estes dados comprovam a elevada escolarização dos jovens portugueses.

Contudo, importa não esquecer também a articulação entre sistema de ensino e mercado de trabalho. Afinal, se as ofertas formativas se reforçarem e diversificarem, incentivando-se o envolvimento dos empregadores no desenvolvimento das competências procuradas, colmataremos os gaps no mercado.

Neste âmbito, salienta-se o desajustamento que, muitas vezes, existe entre os ensinamentos da academia e as competências necessárias nas empresas.

A importância do jovem no mercado de trabalho

Sem este esforço na aproximação entre os jovens e o mercado de trabalho, Portugal continuará a apresentar dificuldades na retenção de talento e no fornecimento de condições atrativas. Aliás, os jovens portugueses qualificados só encontram, cada vez mais, no estrangeiro a resposta para as suas ambições profissionais.

Todavia, o emprego jovem mostra-se vital para lidar com os desafios atuais que o país enfrenta, nomeadamente a transição digital, a sustentabilidade energética e a crise demográfica. Afinal, os jovens trazem perspetivas inovadoras e uma capacidade de adaptação cruciais num mundo em constante evolução. Ademais, têm sido os principais promotores da flexibilidade laboral e de um crescente equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal.

Foco nacional no apoio ao emprego jovem

Compreendendo o valor da juventude qualificada para o desenvolvimento da economia e da sociedade portuguesas, nota-se uma dedicação nacional pela melhoria do emprego jovem. Esta atitude alinha-se com os princípios da Iniciativa para o Emprego dos Jovens (IEJ), promovida pela União Europeia.

Relativamente a iniciativas públicas, a preocupação do Estado, neste sentido, remonta já a 2017, com o estabelecimento dos incentivos à contratação de jovens à procura do primeiro emprego. Estes incluem, por exemplo, uma dispensa parcial do pagamento de contribuições para a Segurança Social.

Além disso, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) estabeleceu, no início de 2023, uma parceria com o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), com o financiamento de 75 mil euros, para diagnosticar problemas, estudar soluções e criar oportunidades de emprego jovem em Portugal.

No âmbito de projetos privados, muitas organizações revelam-se solidárias com as dificuldades dos jovens e reconhecem o valor do seu trabalho. Aliás, no seguimento da publicação Mais e Melhores Empregos para os Jovens, também em janeiro de 2023, ocorreu a assinatura de um pacto por 50 grandes empresas nacionais, a par do Estado, com o Alto Patrocínio do Presidente da República. Nele, os empregadores comprometeram-se, até 2026, a contratar mais jovens, com vínculos laborais permanentes e salários mais elevados.

Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, destaca este marco como um “primeiro passo para uma mudança de paradigma” que criará mais empregos de qualidade para os jovens portugueses.

Espera-se que, a partir deste exemplo de promoção do emprego jovem, mais organizações invistam em estratégias em prol de um mercado de trabalho português mais justo, atrativo e inovador.

Urge, sem dúvida, oferecer ao talento qualificado bons motivos para se estabelecer em Portugal, contribuindo para as organizações e o progresso nacional.

Como podem as empresas apoiar o emprego jovem e a integração no mercado de trabalho?

Perante os desafios do mercado de trabalho atual, as organizações devem, assim, encarar o apoio ao emprego jovem como um investimento mutuamente benéfico. A importância do compromisso empresarial para o desenvolvimento do emprego jovem é indiscutível. Afinal, as empresas podem impactar de forma muito positiva a juventude trabalhadora portuguesa, integrando-a no mercado, ampliando as oportunidades e melhorando as suas condições laborais.

Para incentivar o emprego jovem, as organizações podem seguir múltiplas estratégias, como, por exemplo:

  1. Reforçar os seus quadros com mais contratações de jovens, em todos os níveis hierárquicos;
  2. Garantir salários justos para os jovens, considerando a sua qualificação, a sua competência e a sua senioridade na empresa, com revisões e aumentos anuais;
  3. Investir continuamente na formação e na requalificação dos jovens trabalhadores, consoante as necessidades do mercado;
  4. Integrar o acolhimento de estudantes-estagiários no quotidiano;
  5. Incentivar os jovens trabalhadores a partilharem as suas experiências e as suas opiniões nas reuniões de equipa, considerando-as nas tomadas de decisão;
  6. Atribuir mentores aos jovens trabalhadores, logo após a contratação, que os apoiem no seu crescimento profissional;
  7. Adotar políticas alinhadas com os valores da juventude, nomeadamente com foco na flexibilidade laboral (incluindo teletrabalho), na missão corporativa ao serviço da sociedade e na humanização da gestão de talentos.

Estes simples passos vão conduzir-nos a um futuro frutífero para o emprego jovem em Portugal e, consequentemente, para a economia nacional.

Thomas Marra

Country Manager
Gi Group Holding

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