Portugal na Vanguarda da Inovação: o Talento como Ativo Estratégico

Portugal na Vanguarda da Inovação: o Talento como Ativo Estratégico

Portugal encontra-se num ponto de inflexão. Dispõe de uma geração de profissionais altamente qualificados, culturalmente preparados e tecnologicamente competentes. No entanto, a capacidade de transformar este talento em inovação real depende, cada vez mais, da qualidade das culturas organizacionais onde ele se insere.

Segundo o Global Innovation Index 2024, Portugal ocupa atualmente a 31.ª posição entre 133 economias mundiais, destacando-se positivamente nos pilares de “Capital Humano & Investigação”, “Infraestruturas” e “Resultados Criativos”. Estes dados demonstram um ecossistema em evolução, cada vez mais preparado para competir em sectores de elevada intensidade tecnológica e criatividade.

Paralelamente, o país regista níveis de qualificação académica historicamente elevados. De acordo com o Eurostat, mais de 40% dos jovens portugueses entre os 25 e os 34 anos detêm um diploma de ensino superior — um indicador que nos posiciona acima da média europeia.

Ainda assim, o relatório The Generational Equation da Gi Group Holding alerta para um sinal preocupante: apenas 47% dos profissionais portugueses se consideram totalmente satisfeitos com a sua situação de trabalho atual, o valor mais baixo entre os oito países analisados. Isto revela um desajuste entre o potencial do talento nacional e a realidade encontrada dentro de muitas empresas.

Além disso, 56% dos trabalhadores em Portugal preferem funções intelectualmente estimulantes, mesmo que isso implique menos estabilidade — um dado que reforça a maturidade e ambição da força de trabalho nacional. Estes profissionais procuram desafios, propósito e crescimento, não apenas segurança contratual.

A Inovação Exige uma Cultura Organizacional Adequada

A inovação — enquanto diferencial competitivo — não nasce apenas da tecnologia. É alimentada por culturas organizacionais que favorecem a colaboração, a experimentação e o pensamento crítico. Empresas que pretendem estar vanguarda da transformação devem assegurar que o seu ambiente interno promove a escuta ativa, o empowerment e a evolução contínua do talento.

A retenção de profissionais qualificados deve deixar de ser vista como uma consequência natural da oferta contratual. É uma responsabilidade estratégica, que exige visão, investimento e capacidade de adaptação.

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Portugal Pode Liderar — se as Empresas Estiverem Preparadas

Temos o talento. Temos o conhecimento. Temos uma reputação crescente como destino de inovação e empreendedorismo. O que falta consolidar é uma rede empresarial suficientemente robusta, ágil e orientada para a valorização das suas pessoas.

Olhando para o futuro a década de 2030 poderá ser marcada por avanços disruptivos em sectores como a inteligência artificial, saúde digital, energias limpas e economia criativa. Portugal está bem posicionado para participar — e liderar — nestas transformações, desde que se mantenha o foco na qualificação, na colaboração internacional e na retenção do talento nacional.

O futuro da inovação portuguesa dependerá, em larga medida, da capacidade das empresas de evoluírem cultural e estruturalmente. Porque é nas organizações que a inovação se torna real — e é através das pessoas que ela acontece.

O Futuro do Trabalho: Flexibilidade e Propósito

As transformações do mundo do trabalho colocam novas exigências sobre as organizações. O Future of Jobs Report do World Economic Forum antecipa que 39% da força de trabalho global precisará de requalificação até 2030, e destaca a ascensão de competências comportamentais como resiliência, gestão do stress, pensamento crítico e autoaprendizagem.

Estas competências, por natureza emocional e adaptativa, não são substituíveis por tecnologia. Ao contrário: são o que permite às pessoas integrar novas ferramentas, colaborar em ambientes híbridos e tomar decisões eficazes sob pressão.

A IE não só apoia estas competências emergentes como as amplifica. Ela fornece o contexto relacional e psicológico necessário para que o talento técnico floresça — seja numa reunião de equipa, num processo de inovação ou numa negociação sensível.

foto thomas artigos

Thomas Marra

Country Manager da Gi Group Portugal

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