Liderar em 2025 Exige uma Nova Métrica: a Capacidade de Desaprender
A liderança em 2025 já não será definida pelo que sabemos. Será definida pela nossa disponibilidade para abandonar o que deixámos de precisar. Num mundo onde a mudança é contínua e a complexidade se tornou a norma, o verdadeiro diferencial competitivo não está apenas em acumular conhecimento — mas em saber desconstruir, reformular e reconstruir. Desaprender tornou-se uma métrica crítica da liderança relevante.
O que antes era uma vantagem — domínio técnico, estabilidade, experiência consolidada — pode tornar-se um obstáculo quando não é revisto à luz da nova realidade. Num cenário onde os ciclos de inovação são cada vez mais curtos, a agilidade cognitiva passou a ser tão valiosa quanto a visão estratégica. O tempo de liderar apenas com o que sabemos já passou. Chegou o tempo de liderar com aquilo que estamos dispostos a questionar.
Um Novo Ciclo de Competências
Os dados mais recentes confirmam a velocidade desta transição. O Future of Jobs Report 2025, do Fórum Económico Mundial, revela que 39% das competências atualmente exigidas sofrerão alterações significativas até 2030. E que 22% dos empregos, tal como os conhecemos hoje, serão profundamente reconfigurados. Em paralelo, espera-se um crescimento líquido de 78 milhões de novos postos de trabalho a nível global, sobretudo em áreas de elevada complexidade tecnológica e social.
Mas os empregos que estão a surgir não pedem apenas fluência digital. Pedem algo mais humano — e mais difícil de ensinar: pensamento crítico, criatividade, empatia, resiliência, aprendizagem contínua, capacidade de síntese. As competências em declínio? Processos repetitivos, tarefas previsíveis, conhecimentos estáticos.
Neste novo ciclo, os líderes deixarão de ser avaliados pela previsibilidade que oferecem. Serão avaliados pela capacidade de cultivar mudança — com confiança, com discernimento e com propósito.

A Liderança Como Catalisadora de Reinvenção
Desaprender não representa uma perda, mas sim um sinal de maturidade na liderança. É a capacidade de reconhecer que aquilo que foi eficaz no passado pode já não responder aos desafios do presente, e que, por vezes, são precisamente os modelos que nos trouxeram até aqui que dificultam os passos seguintes.
Num ambiente de trabalho marcado por aceleração tecnológica e disrupção constante, o papel do líder não é ter todas as respostas — é saber fazer as perguntas certas. É criar contextos onde o erro é interpretado como dado, onde se aprende com rapidez, onde a experiência é partilhada e reavaliada em tempo real. O líder do futuro é, sobretudo, um facilitador de desaprendizagem ativa — alguém que lidera não apenas com o que sabe, mas com o que está disposto a rever.
Esta não é uma transformação retórica. É estrutural. Obriga a repensar como se toma decisão, como se avalia talento e como se constrói cultura. Implica sair da zona de conforto da certeza e entrar no território desafiante da curiosidade.
Liderar é Escolher o Desconforto Produtivo
A liderança que se tornará relevante nesta nova década não é a que detém certezas. É a que sabe navegar a incerteza com clareza interior e direção coletiva. É a que escolhe o desconforto produtivo de rever decisões, abandonar rotinas e abrir espaço para o novo — mesmo quando o antigo ainda parece funcionar.
Num tempo em que a única constante é a transformação, liderar é, antes de tudo, uma responsabilidade intelectual: a de não perpetuar o que já não acrescenta valor. É deixar de confundir autoridade com rigidez, experiência com imutabilidade, eficiência com conformismo.
A verdadeira liderança de 2025 não será a que replica modelos. Será a que tem coragem de os reinventar.
Porque num mundo em mutação acelerada, a capacidade de desaprender é o que permite continuar a merecer seguir à frente.

Thomas Marra
Country Manager da Gi Group Portugal